Eslavismo em Tolstoi 5
Quinta parte
Ana Karênina de Tolstoi
Cinco minutos depois, quando a princesa apareceu, encontrou-os completamente reconciliados. Kitty garantiu a Liêvin que gostava dele, até lhe explicou por que, respondendo à pergunta que ele lhe fizera. Disse-lhe que era por compreende-lo plenamente, por saber do que ele gostava e porque tudo que ele gostava era bom. E está explicação pareceu muito clara a Liêvin. Quando a princesa entrou estavam sentados no baú examinando os vestidos e discutindo se devia ser oferecido a ninguém e que podia oferecer a Duniacha o vestido escuro que ela vestia quando Liêvin pedira em casamento. Liêvin insistia em que aquele vestido não devia ser oferecido a ninguém e que podia oferecer a Duniacha um outro azul.
-- Mas tu não compreendes que a Duniacha é morena e esse vestido não lhe ficará bem? Já pensei em tudo.
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No grupo mais perto da noiva estavam as suas duas irmãs: Dolly , a primogênita, e a serena e bela Natália, que chegara do estrangeiro.
-- Por que virá a Mary vestida de roxo, quase de Preto, para um casamento ? -- perguntou a Korsúnskaia.
-- É a única cor que diz bem com o tom de sua pele... -- respondeu a Drubiétskaia.
-- Que estranho, celebrarem a boda de noite. É costume de comerciantes.
-- É mais bonito. Eu também me casei de noite -- replicou Korsúnskaia, suspirando, ao lembrar-se de como estava bonita nesse dia, de como tudo havia mudado.
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O meu retrato, por que? -- interveio está. -- Depois do retrato que tu me fizeste, não quero outro. É melhor que pinte o de Anny (assim chamava à filha). Ela aí vem-- acrescentou, vendo, através da janela, a Ana, a formosa italiana que fôra passear a menina ao jardim. E relanceou um olhar furtivo a Vronski. A bela mulher, cuja cabeça Vronski pintava, era a única sombra negra na vida de Ana.
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Havia muito que a Condessa Lídia Ivánovna não amava o marido, mas de então para cá estava sempre enamorada de alguém. Costumava enamorar-se de várias pessoas ao mesmo tempo, quer de homens quer de mulheres, geralmente daquele ou daquela que tivesse salientado em qualquer coisa. Enamorava-se de todos os novos príncipes e de todas as princesas aparentadas com a família imperial. Amada, sucessivamente, um metropolita, um grande vigário e um simples padre; depois um jornalista, três eslavistas e Komissárov, bem como um ministro, um médico, um missionário e Kerênin. Todos estes amores, com as suas diferentes fases de entusiasmo e arrefecimento, não a impediam de manter, quer na corte quer na sociedade, a mais complicadas relações. Todavia, no dia em que Karênin passou a viver sob a sua proteção particular e principiou a cuidar do seu bem-estar, sentiu que nunca amara sinceramente outra pessoa. Todos os seus outros amores perderam o valor a seus olhos; comparando-os ao que sentia agora, via-se obrigada, via-se obrigada a confessar a si própria que nunca se teria enamorado de Komissárov, se este não tivesse salvo a vida do imperador, nem de Rístitch-Kudjístski, se não existisse a questão eslava, enquanto que a Karênin o amada por ele próprio, pela sua grande alma incompreendida, pelo seu carácter, pelo metal de sua voz, o seu falar lento, o seu olhar fatigado e as suas mãos, brancas e moles, de veias inchadas.
Não só sentiu grande alegria em vê-lo, mas também procurava ler-lhe ao rosto na pessoa como na conversação. Nunca despendera tanto dinheiro na modista. Muitas vezes se surpreendia a pensar no que poderia acontecer, se ambos fossem livres. Quando ele entrava , virava de emoção: se ele lhe dizia qualquer coisa amável, não podia ocultar um sorriso deslumbrado.
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Por Welton Bathory
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