Eslavismo em Tolstoi 3
Ouviram-se, depois uma voz de homem, em seguida uma voz de mulher e finalmente uma gargalhada, após o que as visitas esperadas surgiram: Safo Stoltz e um moço chamado Vaska, radiante e cheio de saúde. Via-se que estava bem alimentado a carne meio crua, trufas e vinho de Borgonha. Vaska cumprimentou as senhoras e mirou-as, mas apenas pelo espaço de um segundo. Imediatamente acompanhou Safo ao salão, onde ficou junto dela como que amarrado, fitando-a contìnuamente como se quisesse devora-la com os olhos brilhantes. Safo Stoltz era loira, de olhos pretos. Entrou com passinhos resolutos, nos seus sapatos de tacão alto, e apertou com força, como se fosse um homem, as mão das senhoras presentes.
Nunca antes se encontra Ana com esta nova celebridade e surpreendeu-se diante da sua beleza, do atrevimento dos seus modos e do exagero da sua maneira de vestir. Com os próprio cabelos e os postiços, suavemente dourados, Safo arranjara um penteado de tal sorte monumental que a cabeça se lhe podia comparar, pelo volume, ao busto bem modelado e muito decotado. Caminhava com tal ímpeto que cada um dos seus movimentos lhe desenhava debaixo do vestido a forma dos joelhos e das pernas. Sem querer, cada um se achava a perguntar a si mesmo onde principiava e onde acabava realmente essa mola artificial e movediça, esse pequeno corpo esbelto, tão descoberto por cima e por diante e tão escondido por détras.
Betsy tratou logo de a apresentar a Ana.
-- Calcule que por pouco não atropelávamos dois soldados -- principiou Safo, fazendo caretas e sorrindo, enquanto arranjava, por detrás, a cauda do vestido, que se lhe repuxava toda para um lado. -- Vim com o Vaska... Ah ! Mas então não se conhecem? -- e Safo apresentou o moço, tratando-o pelo seu nome. Corou, e depois pós-se a rir sonoramente, por se ter enganado, ao trata-lo pelo seu nome íntimo diante de uma desconhecida. Vaska tornou a cumprimentar Ana, mas, sem nada lhe dizer, voltou-se para Safo, sorrindo:
--Agora, não -- replicou.
--Não faz mal. Recebe-lo-ei depois.
-- Está bem, está bem. Ah, meu Deus ! -- exclamou em seguida, dirigindo-se à dona da casa. -- Estou boa... Jà me esquecia... Trouxe-lhe um convidado. Aqui o tem.
A pessoa de quem Safo se esquecera acontecia ser de tal importância que, apesar de muito novo, as senhoras se levantaram para o cumprimentar. Era o novo admirador de Safo, que, à semelhança de Vaska, não lhe perdia o rasto.
Daí a pouco chegavam o Príncipe Kalújski e Lisa Mierkàlova, na companhia de Striêmov. Lisa era morena, a pender para magra, de tipo oriental, o ar i dole e li dos olhos, que toda a gente considerava enigmáticos. O seu vestido escuro, que Ana notou e logo apreciou, convinha admiravelmente ao seu gênero de beleza. À brusquidão de Safo, opunha Lisa um à-vontade cheio de abandono.
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Com os cotovelos na mesa, junto à qual se sentava de esguelha, Sviàjski, numa das mãos a chávena, apanhava com a outra a barba, que repassava até a altura do nariz, como se fosse cheira-la, deixando-a fugir de novo. Seus brilhantes olhos negros fitavam um dos proprietários de bigodes grisalhos, que lhe falava, exaltado, queixando-se dos camponeses, e parecia divertir-se com o que ele dizia. Liêvin percebeu imediatamente que Sviájski, com uma só palavra, reduziria a pó os argumentos do interlocutor, mas que a sua posição oficial o obrigava a manter um certo decoro, preferindo deleitar-se em silêncio com aquelas lamentações.
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-- Eu não sou dessa opinião -- replicou Sviájski, desta vez a sério.
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[... Desses assuntos sobre o problema do trabalho no campo fica para um assunto futuro que irei postar por aqui ou em outro blog com os anarquista Nestor Makhno e Lima Barreto, etc.]
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